domingo, março 25, 2007

Falanstério 35 - 2007 começa com Bicicletada

(Todos os participantes da Bicicletada de jan. antes da saída)

Vinte e três de março de 2007, Urbanização El Bosque, Madrid, Espanha. Vinte e duas horas e vinte e um minutos, horário local (Brasil, dezoito horas e vinte e um minutos). Começo a escrever agora meu primeiro texto para o blog no ano. Tardei muito para escrever este, mas as mudanças em minha vida foram imensas. Claro que não vou contar os detalhes aqui, porque se quisesse escreveria um diário virtual e essa não é a idéia deste blog. Como já dito, quero apenas fazer uma coisa que sou fascinado, que é escrever, expressar minhas idéias, meus valores e o que me vem a mente. Quero mostrar aqui um pouco as coisas que mais me encantam.

A única pista que já foi dita no começo do texto, foi que mudei de cidade e o idioma falado não é mais o português e sim o espanhol. Mas as paixões continuam as mesmas e agora vou descobrindo outras. E como sempre quero em minha vida descobrir tudo que vem pela minha frente, vivendo intesamente, mas não buscando algo e sim me buscando.

Mudando o rumo dessa prosa, como diria minha mãe vou contar um pouco de como foi a minha primeira participação na Bicicletada, em São Paulo. Estava há muito tempo querendo participar deste evento, mas por falta de tempo nunca puder ir a um. Mas no mês de Janeiro consegui participar e a experiência foi incrível. A bicicleta é uma grande admiração da minha vida e estar dentro de um evento que coloca ela em maior destaque e luta por um espaço dividido entre os carros na cidade é sensacional.


Sai de casa com a sensação de que iria chover. Nuvens pretas no céu cinzento de São Paulo, era essa a imagem que se via ao mirar os olhos para cima. Mas mesmo assim peguei a magrela e fui ao destino do ponto de encontro, Praça do Ciclista, esquina da Avenida Paulista com a Avenida Consolação às 18:00 horas, sexta-feira. Como moro um pouco longe da saída da manifestação pró-ciclista deixei minha casa bem antes da hora marcada e conseqüentemente fui o primeiro a chegar na praça. A sensação de estar ali foi muito boa, então me sentei, esperando a hora chegar, juntos com os ciclistas e suas bicicletas. As pessoas foram chegando e o primeiro foi um repórter que trabalhava em um veiculo com idéias relacionadas à ecologia. Não iria participar da Bicicletada, mas pelo menos ia difundir o objetivo dela para os outros. Aos poucos cada vez mais gente ia chegando e no final pouco antes da saída já éramos mais de 40. Não sei se foi o recorde, mas creio que foi uma das que mais teve participantes. Fui conversando com os ciclistas e fazendo novos amigos.

Antes da saída para a manifestação pelas ruas paulistas, uma panfletagem no semáforo para tentar conscientizar os motoristas e uma tentativa frustrada de criar uma bicicleta com som, se tivesse dado certo seria muito bom. Uma “vaquinha” antes para compra água, a chuva não veio, mas o calor estava grande em pleno verão tropical. Uma movimentação para definir o trajeto e pose para a foto oficial, depois disso fomos todos juntos, unidos e com o âmbito de divulgar a todos, “Bicicleta: Um Carro a Menos, Respeite”.


Já estava de noite quando saímos pela Avenida Paulista no meio dos carros, em fileira ocupado uma das faixas. Aquilo foi incrível, andar na maior avenida da cidade como se fosse um carro, os motoristas tinham que desviar da gente, e era esse o objetivo da Massa Crítica. Claro que alguns estressados motoristas que dirigem naquele cubículo pequeno, presos em vidros escuros se revoltavam com aquelas pessoas, que se moviam apenas com a força de suas pernas e andavam livres sem poluir e descontavam sua raiva com buzinas e xingamentos. Mas não foram todos e a grande maioria apoiou e pegava os papéis que divulgava o que queríamos.

Uma parada no cruzamento da Paulista com a Avenida Brigadeiro, para mais uma panfletagem. Depois seguimos rumo ao Centro da cidade. Pedalando pela noite, na última sexta-feira de Janeiro, na selva de pedra de São Paulo. Alguns ciclistas saíram durante o manifesto, mas continuamos. Uma parada na prefeitura, algumas fotos e conversas. Continuamos pedalando rumo a Praça do Ciclista novamente. O mais motivador era as pessoas da rua que nos apoiavam. Subimos a Rua Augusta por inteira, passando pela Paulista e chegando novamente ao ponto de partida. Finalizamos com uma estrondosa salva de palmas, com a sensação de dever cumprido e mensagem enviada a todos que viram o manifesto.

Chegando no local, alguns voltavam para suas casas, outros comentavam a pedalada e outros mais animados já marcavam uma parada no bar mais próximo para continuar a comemoração. Eu não pude ficar e tive que voltar para minha casa, o caminho era longo e pedalar a noite sozinho na cidade de São Paulo não é o mais recomendando, então quanto antes voltar era o melhor a ser feito. Despedi dos meus amigos, agradeci a companhia querendo voltar, mas agora só no meio do ano. Voltando para casa sozinho pude refletir mas algumas coisas, e também sentir um pouco mais de adrenalina, pedalando às 23:00 em pleno acostamento da Marginal Pinheiros (vídeo abaixo).


Com certeza irei voltar em outra Bicicletada e fica aqui relatado, como foi participar deste evento que vangloria o veículo de duas rodas sem motor e condena o veículo motorizado.