quarta-feira, julho 30, 2008

Falanstério 73 - Gracias, Graciosa!

As cercas são pontes.

Após um dia que parecia não terminar, outro como este começou. Às seis da manhã estava de pé. Quando cheguei no café da manhã já tinha alguns companheiros da viagem para a Graciosa. Aos poucos outros foram chegando e a pequena sala de café do hotel nunca teve tanta gente reunida num domingo às 6 da manhã. O bonde para Morretes estava grande e chegamos ao número de 25. Felipe de Curitiba foi o nosso guia. Fez seu trabalho muito bem. Um grande homem, exemplo de fraternidade.

Indo para a Graciosa.

Enquanto tirávamos a foto oficial da saída com todos reunidos na frente do hotel o punk-rock baiano que não iria pedalar, resolver jogar água na galera, pois estava irritado com a pertubação do seu sono. Mais uma cena hilária da viagem. A partida estava programada para as 7, mas saímos realmente as 8. Depois que todos comeram e calibraram seus pneus partimos.

Portão principal.

Antes de começar o relato uma salva especial para as mulheres do grupo. Chantal, Aninha, Raquel, Paula e Paty. Bravas guerreiras. Invejaram muitos marmanjos. Foram nossas desbravadoras. Principalmente duas. Chantal e Paty que não estão muito acostumadas a pedalar, mas depois dessa viagem com certeza já são experientes.

Recuperando.

Retomando a cicloviagem andamos um pouco por dentro da cidade e pegamos um trecho da BR. De lá fomos por dentro até começar a Estrada da Graciosa. As belas visões já começavam com muito verde. O clima estava ótimo, cada minuto que passava mais quente ficava. E com tanta gente boa reunida não tinha como sentir frio.

No meio da natureza.

Algumas subidas que eram encaradas tranquilamente e logo chegamos na Graciosa. A primeira visão foi a estrada de terra. Adoro terra. Muito bom. Ainda bem que meu pneu trator serviu para algo. O caminho estava lindo. Muitas árvores, igrejinhas no meio dele, animais como ovelhas, cachorros, bois, cavalos e passáros. Me lembrou muito Santiago de Compostela.

Subindo!

Algumas paradas para reagrupar o pessoal, pois o ritmo de alguns era maior do que os outros. Mas como verdadeiros espartanos tínhamos nosso lema "Não abandonamos ninguém". O bom das paradas que podíamos tirar fotos, repôr energias; comendo e bebendo. E aqui deixo um agradecimento especial para Albert, que com muita maestria ficou no final do pelotão encarregado de fechar e sempre acompanhar quem ficava para trás, especialmente a nossa fotógrafa Paula que não resistia as belas paisagens para fazer seus flashes.

Os temidos paralelepípedos. (foto: ciclobr)

Depois de muita terra encontramos os asfalto. Alguns ficaram até felizes em rever os carros. Andamos na autovia e fizemos nossa Massa Crítica numa estrada federal. Os carros tinham que desviar, foi lindo. Logo depois disso a melhor parte da Graciosa começou. O pedaço da serra com paralelepípedos. Temidos por muitos quando chove. Mas para nossa felicidade o sol estava radiante e a única preocupação era freiar. Impressionante como treme. As mãos doíam muito, mas todos resistiram com louvor e força e encararam as pedras juntas da serra do sul brasileiro. Pena que a bela e guerreira Chantal teve uma queda. Depois de encarar todo o caminho anterior, ela ainda desceu sem suspensão, que força! Mas com o balançar dos paralelepípedos as mãos dela não aguentaram e por um deslize ela foi ao chão. Mas o nobre Albert estava perto e ajudou a se reerguer. Esperávamos o grupo que ficou para trás numa barraca de pastel e caldo de cana no meio da serra. Chantal apareceu, ainda não tinhamos conhecimento da queda. Ela nos contou que caiu e todos ficaram preocupados. Mas a força desta mulher não é pequena e ela disse que estava bem. Parabéns Chantal. Ainda desceu o restante da Graciosa e chegou ao Morretes como uma Lady.

Descendo vibrando.

A Massa estava toda reunida novamente e terminamos a nossa descida da serra. No pequeno trecho de asfalto que ainda pedalamos até Morretes mais belas imagens para enfeitar nossa vista. Cachoeiras, morros, rios e corrégos. Vai ser díficil esquecer isso. Aos poucos fomos chegando até o local que o ônibus fretado por nós nos esperava. Ao lado de uma igrejinha, era esse o cenário de nossa parada final. Juntos nos reunimos e brindamos a vida. Todos chegaram. Alguns machucados, mas com certeza sem dor. Apenas com cicatrizes de alegria e satisfação. Parabéns a todos que fizeram essa cicloviagem. Obrigado pela companhia.

Quase em Morretes.

* Na volta para São Paulo ainda tivemos que correr, porque já tinhamos passado do check-out. Banhos tomados rapidamente, lanches no mercado ao lado e geladeira do ônibus abastecida. Foi díficil dormir na volta. Capitão Lacerdinha, Punk Rock Baiano e Pastor Canna foram os maestros da orquestra. Uma "guerra" foi armada entre o fundão e o povo idoso da frente. Mas tudo foi resolvido. Lembrando que a música tema da viagem foi "Do Leme ao Chantal", criado pelo Pastor Canna enquanto pensava na vida. Muitas piadas, muitas risadas e finalmente quando o novo líder dormiu as pilhas acabaram. Chegamos em SP por volta das duas da manhã. Retiramos nossas bicicletas dos bagageiros e cada um seguiu seu rumo. Mas todos estão marcados eternamente. Ninguém ficou sozinho, ninguém pedalou só e ninguém ficou abandonado. Porque aqui o que vale é a união. Parabéns família Bicicletada!

Chegamos!!

terça-feira, julho 29, 2008

Falanstério 72 - Curitiba, Muito Prazer!!

Nasce mais um girassol.

A Bicicletada de São Paulo terminou por volta das 23:00 horas para a maioria, mas para quase 40 bikerlocos ela ainda iria continuar. Isso mesmo. Um ônibus fretado nos aguardava à meia-noite na Praça do Ciclista com destino à Curitiba. Nossa viagem estava programada para chegar lá de manhã e participar junto com piás e gurias na Bicicletada da capital paranaense. Lá acontece no último sábado de cada mês.

Não vai dormir ninguém. (foto: pedalante)

Enquanto o ônibus não chegava os remanescentes conversavam na praça. Diversas pizzas foram pedidas. Coincidentemente as pizzas e o ônibus chegaram juntos. Nós tínhamos a missão de colocar 37 biciletas dentro do ônibus. E enquanto fazíamos isso comíamos as pizzas. Foi uma cena inusitada. Coordenados pelo Mestre Pasqua a missão foi cumprida e fechamos as portas do bagageiro rumo à Curitiba.

"A" Fotógrafa.

Saímos quase 2 horas da manhã de São Paulo. O motorista um pouco perdido deu ainda mais uma volta pela praça. Durante a semana a promessa era de que ninguém iria dormir no ônibus e parecia que seria isso mesmo. Regados com vinhos, cervejas o povo ia animado. Apitos que foram distribuídos na Bicicletada paulistana eram usados para evitar que os dorminhocos pudessem descansar. A galera estava eufórica e a viagem prometia e muito. Paramos em Registro para um lanche e seguimos viagem. Ainda bem que o motorista não dormiu. Ficamos sabendo que ele estava com a noite virando no trabalho. Por isso os fumantes do bonde se revezam para manter ele acordado. O principal era o Mário Canna que descobriu toda a vida do condutor. Até ficou sabendo que ele herdou a profissão do pai.

A bicicleta leva o carro.

Chegamos por volta das 8:00 horas. Paramos na reitoria da Universidade Federal e apenas 3 ciclistas nos esperavam, inclusive o Eduardo Cooper, curitibano gente fina que usava uma engraçada cartola. Na hora fiquei um pouco decepcionado, pois esperava uma grande recepeção. Mas ainda estava muito cedo. A concentração era a partir das 10:30. Famintos fomos tomar nosso desejum. Mas antes tivemos que tirar todas as magrelas do ônibus e remontá-las. Esta tarefa foi mais fácil. A maioria optou por um café da manhã no Mercado Municipal da cidade, que foi bastante saboroso.

Passamos nossa mensagem em Curitiba.

Na volta até a reitoria a Massa já estava bem grande, mas a maioria era de paulistanos. Chegando lá o pessoal de Curitiba estava em peso. Agora sim a Massa Crítica estava formada. Muitas pessoas enfeitadas, balões, muitas crianças e casais. O clima era festivo e amigável. O frio prometido pelos meteorologistas não veio e o sol saiu para nos aquecer.

Família reunida.

Onze da manhã a Massa partiu. A maior da história de Curitiba. Atingiram 3 dígitos pela primeira vez, éramos mais de 150. Ocupávamos todas as faixas. Estava lindo. Panfletagem, as faixas feitas em São Paulo eram mostradas. Pessoas nas ruas tiravam fotos e olhavam admiradas. O grito mais cantado foi: "Menos caros, mais Bicicletas!". Chegando no Centro um grande comício acontecia com os candidatos das eleições. Um dos nossos pegou o microfone e entoou a música do Plá (que só iria aparecer mais tarde) "Invasão das Bicicletas". Todos cantaram juntos e no final levantaram suas magrelas como vencedores.

Já virou rotina. (foto: felipe cachaça)

Dali continuamos nosso passeio. O legal que em Curitiba o pessoal faz a chamada mandala (rotatória). Peagamos um grande cruzamento e ficamos dando voltas, enquanto os carros observavam o balé das bikes. Isso com certeza vai ser utilizado em SP. Os gritos continuavam e a cidade estava mais bonita. Finalizamos no Museu Oscar Niemeyer, mais conhecido como Olho. Mais uma mandala no chão de vidro e uma versão de blues e jazz da "Invasão das Bicicletas" com gaitas e triângulos. Quando estávamos no museu um grupo de meninas de dança de Timbó, Santa Catarina apareceu. Eram belas meninas. A massa masculina ficou empolgada e pediu algumas palhinhas de dança. Elas fizeram uma mini-apresentação para nós que ficou muito boa. E dois dos nossos ainda fizeram passos de street.

Força Tarefa ciclofaixa PR/SP.

Depois dessa festa toda, a fome bateu. Como a Bicicletada é democrática o grupo se dividiu em dois. Para um lado veganos e vegetarianos e para o outro carnívoros. Fui para a turma da carne. No caminho andamos por algumas ciclovias. Não gostei. Primeiro porque eram compartilhadas com pedestres, e muito estreitas. O asfalto não estava bom. Mas tudo bem isso não era problema. Achamos um buffet que come à vontade por R$ 10,00 e lá fomos nós. Famintos acabamos com a carne e depois encontramos os saladeiros.

Bicicletada musical

Voltamos para o ônibus, pegamos as malas e fizemos nosso check-in no Hotel Golden Star. Simples, porém confortável. Depois de um banho não consegui dormir e um grupo resolveu fazer um bike tour pela cidade. Na saída eis que surge o fantastico Plá! Com um violão nas costas e uma bolsa mágica ele apareceu do nada. Cantou 3 músicas para nós ao vivo na rua, em frente ao hotel. Além de cantar duas vezes "Invasão das Bicicletas" ele ainda profetizou a nova "Todo mundo tem um pouco". Sensacional essa visita. Depois de autógrafos e fotos e um convite para o Plá ir para Sampa fomos pedalar. Passamos no porão onde alguns ciclistas paulistanos estavam reunido para falar um pouco da nossa bicicletada e fomos encontrar o pôr do sol. Íamos ver na Ópera de Arame, mas era muito longe. Chegamos só de noite e não conseguimos entrar. Mas valeu a pena, porque no caminho Siqueira, Haase e Luciano grafitaram numa bicicletaria de Curitiba.

Plá ao vivo.

Na volta para o Hotel, nenhum descanso. Roupas trocadas para aguentar o frio da noite e fomos buscar um bar ou restaurante para curtir a noite. Depois de muito andar o grupo se dividiu. Alguns numa cantina e outros no restaurante alemão. Fiquei no alemão. Muito divertido. Tinha cerveja com canequinhas dentros. Na caneca cachaça recheava o copo. Os chamados submarinos foram o sucesso da noite. Muitos foram afundados por nós, principalmente por Toshio e Haase. Eu como não sou muito de beber, terminei minha refeição e fui deitar. O dia seguinte prometia. Iríamos sair as 7:00 da manhã para encarar a Estrada da Graciosa, rumo a cidade de Morretes. Finalmente consegui dormir. A cabeça estava tranquila, o coração feliz e a alma purificada em ter começado essa viagem e ter vivido cada momento com entusiasmo. Conhecer pessoas novas, lugares novas, rir com amigos. São coisas simples, mas fantásticas e agradeço a todos por os momentos vividos. Deitei pensando na Graciosa e ela pensando em mim.

Sincronia perfeita. (foto: felipe vieira)

Falanstério 71 - Parabéns Bicicletada de SP

Invasão na Sé. (foto: cicloativando)

Já são seis anos. Ainda uma jovem criança, mas com pedaladas largas e firmes vai conquistando seu espaço entre todos. É isto que a Bicicletada quer, ocupar os espaços das cidades para serem usados por pessoas e não por máquinas. Especialmente em São Paulo que neste julho de 2008 complementou mais uma primavera no inverno mais seco dos últimos 65 anos.

Bicicleta Sonora. (foto: ciclobr)

O clima é seco, mas não frio. As pessoas vão chegando na Praça do Ciclista e começa a festa. Cada um trás um pouco de tudo. Pedaços de bolos vão surgindo, bexigas são enchidas e enfeitadas nas bicicletas das pessoas. Bandeirolas com hastes de metal são colocadas nas magrelas para passar a mensagem. Além das bandeirinhas, camisetas com a placa de 1,5m entre ciclistas e carros foram confeccionadas pelo detalhista, paciente e habilidoso Daniel Haase. As camisetas foram vendidas em questão de minutos. Parabéns para você também, nobre amigo Haase.

Todos pedalam. (foto: aninha)

Além do clima caloroso trocado entre as pessoas, a praça estava com um ar de protesto. Primeiro a candidata a prefeita, Soninha Francine, usou a bela bike sonora para convocar os pedalantes para acompanhar ela até o debate que irá ter na Band. Mas lembrando que a Bicicletada não apóia ninguém, o que pode acontecer é que um participante ou outro tenha afinidade por algum candidato. O nosso espaço na praça é democrático e qualquer um pode subir no "palanque" e falar suas idéias, mas nunca usar o nome da Bicicletada para ganhar vantagem.

Interação. (foto: tessie)

Além da convocação da Soninha tínhamos outra "pauta". Na semana que passou antes da Massa Crítica um fato lamentável aconteceu. O médico André teve que retirar a sua bike da garagem do seu prédio em Pinheiros. Ordem da síndica que disse: "Garagem não foi feita para bicicletas!". Mas ela teve a infelicidade de o povo da Bicicletada descobrir isso, o que fomentou a mente de todos de dar uma passadinha na frente do prédio e entoar alguns gritos.

1,5 metros de respeito. (foto: julipa)

O trajeto começou a ser definido, enquanto as pessoas conversavam e brindavam a vida. A opção feita foi a pedalada/protesto na Rua Cristiano Viana e depois um passeio cultural pelo histórico centro de São Paulo. E às 20:00 horas começamos o nosso tradicional aquecimento e saímos para pedalar. A novidade era a aquisição de 3 faixas para passar nossa mensagem. Zucca mandou muito bem. Só foi vetada a faixa da lei seca par evitar polêmicas.

Pedimos por favor. (foto: julipa)

Descemos a Haddock Lobo, passamos pela Estados Unidos, cruzamos a Avenida Rebouças e chegamos na Cristiano Viana. Uma rua sem saída. Já no caminho para o prédio do médico recebíamos o apoio dos vizinhos que acenavam do alto. Na frente do edíficio Grand Space Pinheiros, a Massa com mais de 300 pessoas parou e puxou os gritos de protesto: "Libera a Bicicleta!!" e "Bicicletada". Os moradores não entendiam direito, alguns desceram para falar conosco e apoiaram nosso manifesto. Ainda pintamos uma bicicletinha na rua para a síndica sempre que sair com seu carro lembrar da bicicleta branca da paz. Depois o médico André me disse que conseguiu uma audiência com a síndica e ela vai pedir para um engenheiro reformar a garagem para ter bicicletas. E além disso ele tem o apoio dos seus vizinhos. A Massa passou e conseguiu seu objetivo.

Ciclofaixando. (foto: julipa)

Depois da mensagem passada subimos a Teodoro Sampaio, demos a tradicional volta pela Avenida Paulista. Começamos a descida até o Centro. Treze de Maio, Vergueiro, Liberdade e Praça da Sé. A mandala em volta ao marco zero foi feita mais uma vez. Depois uma subida pela famosa Rua Augusta. Os carros tiveram que parar para a Bicicletada passar. A festa estava completa faltando apenas o canto de "Parabéns para você!" e ele foi entoado com muita alegria e festa pelos participantes da Bicicletada.

Podemos ouvir a cidade. (foto: luddista)

A primeira parte da festa terminou, mas a segunda estava prestes a começar. Cerca de 40 ciclistas iriam rumo à Curitiba participar da Bicicletada de lá que acontece aos sábados de manhã. Mas isso é assunto para outra postagem. Por aqui termino esta, parabenizando a todos que ajudam a realizar esse encontro lúdico e educativo que só tem um objetivo, viver!

Viva. (foto: julipa)

quinta-feira, julho 24, 2008

Falanstério 70 - 6 Anos

arte: luna rosa sobre terceiros e domínio público

A última sexta feira do mês está chegando... EU VÔ!!!!!!!!!!!


Pedalantes ansiosos para a edição especial de seis anos da BICICLETADA. A Massa Crítica paulistana pedala mais uma sexta feira para celebrar as cidades mais humanas.


Porque as ruas são para as pessoas, porque o espaço é publico, porque essa cidade precisa nos ter mais respeito. Todos convidados para essa data especial!!! Para participar, basta aparecer munido de qualquer meio de transporte não motorizado.


Não tem bicicleta ou não sabe pedalar? Sem problemas. Apareça o quanto antes na praça e veja como fazer para pegar uma bicicleta emprestada.


A concentração é às 18:00hs. Ás 20:00hs começa o pedal lúdico-educativo. Pedalamos em ritmo leve, ninguém fica para trás. O ritmo da Bicicletada é o ritmo das pessoas da Bicicletada. É um espaço para a convivência entre pessoas de todos os tipos e idades.


Na sexta-feira, dia 25/07...

Traga sua alegoria, língua de sogra, cartaz ou panfleto e venha experimentar outra cidade!



Em caso de chuva, nossos pulmões agradecem.

::. Bicicletada .::. Massa Crítica em São Paulo .::.

:. sexta-feira (25/07)
:. concentração lúdico-educativa: 18h
:. Massa Crítica para humanizar o trânsito: 20h00
:. na Praça do Ciclista: av. Paulista, alt. do 2440

:. panfletos e cartazes para divulgação: http://tinyurl.com/37cjle
:. sobre a Praça do Ciclista: http://tinyurl.com/2j28sc
:. relatos e fotos de edições anteriores: http://tinyurl.com/ypsgr2

: . : . : . Site: http://www.bicicletada.org
: . : . : . lista de discussão (cadastramento): bicicletada-sp-subscribe@lists.riseup.net
: . : . : . bate-papo: canal #bicicletada no irc.indymedia.org (para quem usa IRC) ou http://chat.indymedia.org (no navegador)
: . : . : . massa crítica - wikipedia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Massa_Cr%C3%ADtica
: . : . : . comunidade no orkut: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=33384635

segunda-feira, julho 07, 2008

Falanstério 68 - Nas Curvas de Santos

De São Paulo para Santos. (foto: fahrrad)

Esta com certeza foi a maior aventura feita pela Bicicletada. Não digo maior em relação ao número de participantes e sim falando sobre as experiências vividas e as cenas vistas. Uma pena que nem todos foram nesse pedal insano.

Reunião na padaria. (foto: aninha)

Esta foi a segunda cicloviagem dos integrantes da Massa Crítica. A primeira tem o relato do amigo Pedalante. Denominada de Bicicletada Interplanetária - Prólogo, lá fomos nós, 13 bravos pedalantes saindo da selva de pedra rumo as areias brancas de Santos. O nome já remete o que seria a adrenalina sentida. Foi o prólogo, porque vamos fazer a oficial em dezembro, com centenas ou milhares marchando até Santos para comemorar a chegada do verão. Testamos a Imigrantes, a estrada da Manutenção e também a cidade de Santos.

Antes de pegar estrada verifique os pneus. (foto: fahrrad)

O dia estava escuro quando saí de casa. Às 6 da manhã encontrei o André no meio do caminho e fomos juntos para a Praça do Ciclista. Enquanto pedalamos o sol nascia. Na chegada, vimos a Praça em obras. Será que irão colocar a placa identificando que ali fica a Praça do Ciclista? Veremos. Ali foi o primeiro ponto de encontro para a partida rumo ao litoral. Eu, André, Bruno, Daniel, Aninha, Fabricio e a Rosinha (mascote do passeio) partimos rumo ao Metrô Santa Cruz encontrar outro grupo. Antes, Mathias e Kelaine passaram por nós rumo ao trabalho.

Pela Imigrantes não pode! (foto: ciclobr)

Pedalada na Avenida Paulista vazia neste sábado agradável e com muito sol. No Metrô nos juntamos com Leandro, Alexandre, Juliana e Márcio Campos. Antes do pedal começar a rodar pra valer, uma parada na padaria para encher a barriga e no posto em frente para calibrar os pneus. Dali começamos.

A Bicicleta é mesmo uma arma Benjamim? (foto: fahrrad)

Saímos por volta de 8:30 de São Paulo rumo à praia. Chegamos logo na Imigrantes e o ritmo estava bem tranquilo. Pequenos aclives e longas descidas eram nosso cenário. Caminhões passavam rapidamente ao nosso lado e provocavam um vento muito forte. Alguns buzinavam apoiando e outros reclamando. O acostamento da rodovia virou uma bela ciclovia.

Recuperando energia. (foto: ciclobr)

Íamos tranquilo, alegres e conversando. Fizemos mais uma parada num posto no meio da rodovia. Usamos o banheiro e comemos mais um pouco. Por lá encontramos o Mario e mais dois pedalantes da Bicicletada. Agora sim a Massa estava formada; 13 ciclistas mais a Rosinha que momentos antes havia pegado um vácuo no caminhão que quase ficou branca.

Off-Road! (foto: ciclobr)

Recomeçamos no mesmo ritmo e logo avistamos um carro da Ecovias. A mulher gritou "Não pode", ignoramos e continuamos. Mas ela passou um rádio para o posto policial em frente e fomos impedidos de continuar. Argumentamos bastante, levamos a lei que permite nossa ida pela Imigrantes, mas eles rebatiam usando a placa de proibido bicicletas. Num instante, um caminhão que havia sido parado pela blitz "fugiu" e os dois policiais saíram correndo com suas duas viaturas atrás do "fujão". Foi uma cena hilária, porque um dos policiais ficou tão empolgado com a saída do caminhão à 10km por hora que saiu gritando: "Tirem as bicicletas da frente, ele fugiu". Esse com certeza é um homem da lei.

Brilhando na serra. (foto: fahrrad)

Ficamos sozinhos no posto policial pensando em que fazer. Um dos policiais voltou de ré no acostamento da Imigrantes e argumentou um pouco mais conosoco. Um Sargento apareceu e disse todo truculento: "Se descer pode prender"; e saiu cantando pneu. No final decidimos ir pela estrada da Manutenção. Foi até bom, porque o homem da lei parou os dois lados da Imigrantes para gente atravessar. Foi sensacional ver caminhões, carros e motos pararem para ver a Massa passar.

Parem a Imgrantes, queremos pedalar. (foto: fahrrad)

Apesar da descida da Imigrantes ser mais fácil e mais rápida, nada compensa o visual pelo outro caminho. Que maravilha. Logo que entramos já mudamos de terreno e parecia mountain-bike. Mas foi um curto período. Erramos pela primeira vez o caminho e um cachorro barulhento junto com seu dono na moto (que carregava um facão) nos disse o caminho certo. E nos alertou que a Polícia Ambiental estaria esperando a gente!!

Harmonia com a natureza. (foto: fahrrad)

A partir daí a diversão começou. Altas descidas, grandes velocidades e o contraste. Kilos de concreto eram refletidos pela linda natureza da serra. Cachoeiras complementavam o visual. Algumas subidas longas eram os desafios, mas nada que impedia o pedal. O visual era realmente dislumbrante. Finalmente conhecemos as curvas da estrada de Santos.

Ciclistas/tatus. (foto: fahrrad)

No final recebemos um aviso do guarda florestal que agora para descer por ali teríamos que ter autorização. Ouvimos e fomos embora. Subimos um trecho de difícil acesso e brotamos na Imgrantes como tatus da terra. Por lá seguimos até a cidade. Um pneu trocado na caminho pelo Márcio, uma parada para banheiro e lanche e finalmente chegamos em Santos.

Massa Crítica no Estlingão praiano. (foto: ciclobr)

Fomos recebido com uma ciclovia que até tinha semáforo para ciclistas. Paulistanos incrédulos tiravam fotos daquela rara cena. Pena que a ciclovia acabava do nada. Íamos ansiosamente rumo a areia e ao mar. Antes uma barulheira da Massa dentro do túnel para avisar a todos daquela cidade que a Bicicletada Interplanetária estava passando.

Miragem?? Não, é ciclovia mesmo. (foto: ciclobr)

Alguns kms depois enfim a praia estava em nossos pés. Que sensação de "dever cumprido". Pedalamos na areia. Brincamos como crianças e cansados sentamos nas cadeiras de um quiosque. Comemoramos comendo e bebendo. Contando anedotas (havia um ser misterioso que usou a pia do banheiro como bidê) e dando gargalhadas curtíamos a maresia. Foi um momento inesquecível.

Merecido descanso. (foto: ciclobr)

Da praça até a areia foram 90 kms. Quase 4 horas de pedal. Ficamos cerca de 3 horas em Santos e o Prólogo foi feito. Alimentados e recuperados partimos para a rodoviária. Dois ficaram em Santos, Alexandre já tinha partido antes e Fabricio voltou só para o ABC. Para a capital, 9 bicicletas dentro do ônibus. E mais uma bicicletinha da vó orgulhosa do presente que iria dar para o neto. E assim voltamos. Conversando com várias idéias na cabeça, planejando a próxima aventura. Nossos corações estavam emocionados e a nossa mente trabalhava querendo mais. O corpo pedia um descanso, mas nunca uma parada. Por isso pedaleremos até o infinito, porque com amigos vamos longe.

O mais novo ciclista. (foto: fahrrad)

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