domingo, agosto 10, 2008

Falanstério 74 - Operação Pomar 2.0: Conquistando o Rio Pinheiros

Bicicleta Estaiada. (foto: ciclobr)

Em julho de 2008, eu e o grande companheiro André Pasqualini desbravamos as margens do Rio Pinheiros. Pedalei pela primeira vez por lá, mas André já tinha feito uma expedição por ali um mês antes, por isso Operação Pomar 2.0.

A Invasão. (foto: ciclobr)

O Projeto Pomar, consiste na plantação de mudas ao longo da margem do Rio Pinheiros. A idéia surgiu em 1999 e possui 14 km de uma vegetação renovada, mas somente na margem esquerda. O projeto ainda prevê mais 11 km de mudas no lado oposto.

Tentando despoluir o Rio. (foto: ciclobr)

A intenção de pedalar pela margem é testar a possível ciclovia que vai ser construída. O projeto está feito e tem até um orçamento de R$ 19 milhões de reais e 44 km de vias próprias para ciclistas pedalarem. Mas infelizmente só está no papel. O percurso iria do Autódromo do Interlagos até a Ponte do Ceagesp e até possui alguns trechos prontos, com asfalto novo. O que falta é apenas sinalização e gradis para separar a linha de trem. E também o mais importante, acesso para os pedalantes utilizarem a ciclovia.

De longe, avistamos as capivaras. (foto: ciclobr)

Mas nesta expedição realizada por mim e o Pasqualini conseguimos ir longe. Entramos na altura da Ponte do Socorro e terminamos com uma refeição no Ceagesp. A intenção era essa, porque na primeira operação os ciclistas não conseguiram passar pela Usina da Traição, já que foram barrados.

O asfalto está colocado. (foto: ciclobr)

O visual é incrível e até a parte da Traição o trecho é todo asfaltado. A ciclovia está pronta só falta liberar. Pedalamos junto a linha de trem, com as garças nos acompanhando. No começo encontramos um ciclista treinando speed. Ele nos contou que trabalhava na EMAE (Empresa Metropolitana de Águas e Energia) e era o único que utilizava o trecho para pedalar, disse que é muto chato pedalar só. Além disso, nos contou que os funcionários da EMAE e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), usam regularmente as pistas das margens do rio tanto para uso profissional ou para pessoal, para fugir do engarrafamento que tem nas marginais. Ou seja, eles tem uma área de escape VIP, enquanto o povo que paga os impostos não pode nem entrar com suas bicicletas.

Só falta colocar grades para separar a linha de trem. (foto: ciclobr)

Depois da conversa com o speedeiro da EMAE continuamos nossa aventura e algo nos pertubava. Queríamos muito encontrar as capivaras. Na primeira expedição o pessoal só viu as placas de "Cuidado Capivara", mas agora eu e o André gostaríamos de avistá-las. No percurso somente as fezes dos animais, mas nada delas aparecerem. Mas em um momento conseguimos enfim encontrá-las. Uma família grande com muitos filhotes estavam na água. Devia ter umas 15 capivaras. Foi muito bom vê-las e dois filhotes ainda brincaram de "gladiadores", quase que se exibindo para nós. A vida saindo do lixo!

Depois de fugir dos cachorros, trilha! (foto: ciclobr)

Depois disso o momento de maior adrenalina aconteceu. Chegamos na região proibida, a Usina da Traição. Pedalamos devagar e silenciosos. Ninguém por ali. Uma curva para direita, uma para esquerda e mais outra para direita. Avistamos a saída em direção ao Rio Tietê. Ninguém presente. Momento de euforia, quase na saída, cinco cachorros vira-latas aparecem e começam a latir. Adrenalina amplificada. Os cachorros vão até nós ferozmente. André puxa o sprint e eu colo no vácuo dele. Cinco segundos depois estávamos livres e os latidos dos cachorros cada vez mais distantes. Emocionante.

Aqui poderia ter o acesso para a ciclovia. (foto: ciclobr)

A partir dali desbravamos outra parte da Operação. Nem mesmo Pasqualini tinha pedalado por lá. Depois da Usina o trecho vira terrão, off-road total. Pneus de cravo são recomendados. Uma trilha no meio de São Paulo. As garças continuavam a nos acompanhar e davam um espetáculo a parte.

Nosso visual durante todo o trajeto. (foto: ciclobr)

Pedalamos mais um pouco e saímos na altura da Ponte do Ceagesp, local onde a ciclovia deve terminar. No final uma coisa ficou óbvia. É possível uma ciclovia e a construção desse parque linear na cidade. Só um pouco de força de vontade que o projeto sai do papel. Milhares de pessoas seriam beneficiadas e São Paulo com certeza seria modelo de incentivo à bicicleta. Vamos continuar pedalando por lá e pedir nossos direitos. Porque pedalar é preciso para transformar uma cidade mais humana.


Girassóis (ciclobr)

3 comentários:

PEDALANTE disse...

Sua vida de CicloJornalista,( na rádio) ampliou sua inspiração de cronista, que diariamente pedala, por ruas e avenidas paulistanas. Orgulho de pedalar ao seu lado( nas bicicletadas - Sampa/CTB; nas ruas/avenidas da Z. Oeste - lapa, Vl. Hamburguesa, Vl. Leopoldina).
A D E L A N T E, hermano!!!

Aninha disse...

Ehhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh Sister...qure saudades!!! Volteiiiiiiiiiiiiiii quero te ver.

bjs

Anônimo disse...

Aí garoto! Adorei essa aventura e descobrimento da ciclovia que poderia ser feita mas como sempre fica pra depois....
E gosto ainda mais quando leio suas matérias e vejo que você é um poeta, um jornalista poeta!!!!!
Parabéns, você vai longe.....
Marilce