terça-feira, novembro 07, 2006

Falanstério 34 - Indicação de Filmes - 1












Os filmes “Indochina” e “A Batalha de Argel”, retratam a invasão neocolonialista dos franceses no século XX. Tanto no país asiático (Indochina) como no país africano (Argélia) as revoluções do povo local contra as invasões dos franceses aconteceram e foram retratadas em seus filmes. Fazendo um paralelo entre os dois filmes, percebe-se que os dois se assemelham pelo contexto histórico, que retrata como os integrantes da Força de Libertação Nacional proclamaram a independência de seus países. Só que a maneira que esta mensagem foi passada é diferente entre os filmes.

O filme “Indochina” do francês Régis Wargnier (seu pai lutou nas guerras coloniais francesas) é bastante hollywoodiano e até venceu o Oscar de melhor filme estrangeiro, em 1993. O acontecimento principal da película é o triângulo amoroso que envolve, a mãe, sua filha e um marinheiro francês, dando mais valor a história romântica do que a ocupação francesa e a formação da frente de libertação da Indochina, que é conseguida em 1954 e o país é dividido em Vietnã do Norte (comunista) e Vietnã do Sul (capitalista). Mas no decorrer do filme, em alguns momentos aparecem estes fatos importantes, como a indústria da borracha, devido a grande demanda de seringueiras no país e este foi um dos motivos que a França invade a Indochina em 1854, devido à matéria-prima da borracha que era importante estrategicamente.

O filme também retrata a invasão dos costumes franceses na cultura do povo asiático, onde os estudantes iam para França estudar (mais tarde estes estudante estimulados pelas idéias de liberdade da França lutaram pela libertação da Indochina). A forte repressão dos militares franceses com métodos de torturas aparece e a formação do Partido Comunista que lidera a revolução é mostrada. Em “Indochina” o caráter cinematográfico foi mais valorizado do que o caráter histórico, mas mesmo assim não deixa de apresentar os fatos da ocupação de um país europeu em cima de um povo fraco que se une e luta conseguindo sua descolonização em 1954.

Diferentemente do filme de Wargnier, “A Batalha de Argel” é um filme muito mais realista e ás vezes se confunde com um gênero de documentário. O seu diretor, o italiano Gillo Pontercovo é um homem que não gosta muito da cultura de massa e por isso alguns de seus filmes não são filmados. A Indústria Cultural não aceita os pedidos dele, como, por exemplo, fazer o filme na sua maioria com um elenco de não-atores, o que acontece no filme da Argélia, onde apenas três pessoas eram atores profissionais. Gillo foi filiado ao Partido Comunista e lutou contra o Fascismo na Itália, isso mostra que isto influenciou na produção do filme, pois ele tinha experiência, as mesmas que os argelinos passaram para expulsar os franceses. O filme se passa em Argel, entre os anos de 1954-1957 mais precisamente em Casbah, o bairro mais popular da cidade. Retrata a ocupação francesa na cidade africana e a luta dos seus moradores para conseguir a libertação.

A Frente de Libertação Nacional (FLN) liderada por Ali-la-Pointe e influenciada pela idéias comunistas, começa a promover atos terroristas contra o governo francês, atacando os militares, roubando as suas armas e depois colocando bombas em locais públicos atingindo civis. O filme mostra que os combatentes fazem um ótimo sistema de comunicação entre eles para divulgar a revolução, conseguindo até uma greve de uma semana para chamar a atenção de outros países. Para conter a resistência argelina, pára-quedistas franceses vão para Argel para contê-los. Através do serviço de inteligência descobrem com a FLN age, e vão caçando seus líderes um por um até vencer a batalha, mas a França apenas venceu a batalha, porque perdeu a guerra e teve que descolonizar Argélia em 1957, após mais de 120 anos ocupação.

Analisando como esta mensagem de colônia e metrópole é passada, se percebe no filme uma grande dose de realidade e veracidade. Na época em que foi filmado (1965), já existia a opção de ser colorido, mas Gillo Pontercovo optou por filmar em preto e branco para se aproximar do real e ter um caráter documental e noticiário. Outro fato revelado por ele no documentário “A Ditadura da Verdade”, é que a música de fundo usada por ele quando morria alguém de Argel ou da França era a mesma, para dizer que a dor era igual para todos e sendo assim não assumia uma posição favorável a nenhum dos países. Outro fato retratado que também se assemelha com o filme “Indochina” foi a forte repressão do governo francês contra a resistência e os métodos de torturas usados na batalha, para poder colher informações dos integrantes.

Através desses dois filmes consegue se entender um pouco mais o processo de neocolonização que aconteceu em diversos países da África e da Ásia, invadido pelas potências européias, em busca de erguer o capitalismo e a indústria com matéria-prima. E também as revoluções de liberdade pelos povos que resistiram contra a opressão européia (no caso dos filmes contra a França) e a vitória deles sobre a metrópole. Como diria Eric Hobsbawn “Enquanto existirem os seres humanos haverá história”.

sábado, novembro 04, 2006

Falanstério 33 - Pedestre sem Tempo para Atravessar Ruas

ÍNDICE DE MORTES POR ATROPELAMENTO

2.002

CIDADE

POPULAÇÃO*

FROTA*

Ped. Mortos




São Paulo

10,600

4,214

359



Salvador

2,520

376

151



Belo Horizonte

2,284

742

73



Fortaleza

2,220

406

139



Brasília

2,146

688

73



Curitiba

1,645

774

31



Manaus

1,489

203

125



Recife

1,449

304

75



Porto Alegre

1,383

500

70



Belém

1,322

152

30



Goiânia

1,123

507

65



11 cidades

28,181

8,866

1,191



BRASIL

174,633

34,285

4,770



Fonte: DENATRAN *Em milhões


O jornal O Globo do Rio de Janeiro fez uma matéria muito interessante na sua versão eletrônica. Eles testaram por quanto tempo o sinal fica fechado para os pedestres atravessarem as ruas. Foram analisados 20 cruzamentos importantes da capital paulista, todos com faixa para pedestres e semáforos. O resultado não foi dos melhores, além de terem pouco tempo para atravessar as ruas, os pedestres ficam ''ilhados'' no meio de algumas avenidas.

Na cidade, acontece dois atropelamentos por dia. E como podemos ver no gráfico acima (o site do Denatran só foi atualizado até 2002) muitas pessoas acabam morrendo. Se as ruas não são seguras as calçadas não fogem da regra, como podemos ver nas fotos do site Cadê a Calçada?.

Em algumas avenidas o pedestre tem apenas 10 segundos para chegar do outro lado da rua, como no cruzamento da Avenida Paulista com a Rua Augusta. Imagine um idoso ou um cadeirante tentando atravessar, com certeza não chegará a tempo e ficará no meio da rua correndo o risco de ser atropelado. Mas se em algumas avenidas falta tempo em outras sobram. Por exemplo, no cruzamento da Avenida Higienópolis com a rua Maria Antônia, os pedestres tem um minuto para atravessá-lo. Percebe-se que o tempo para os pedestres chegarem de uma calçada para outra está mal distribuído e a Companhia de Engenharia e Tráfego deve tomar providências. Mas o pedestre não está sozinho. Existe o site da Associação Brasileira de Pedestres - ABRASPE, que possui diversas informações em prol dos transeuntes do Brasil.

Veja aqui, quanto tempo os pedestres têm para atravessar os principais cruzamento da capital paulista.

Falanstério 32 - 10 Acidentes de Moto por Dia


Neste ano, 345 motociclistas morreram no trânsito violento de São Paulo, parece que a média de um motoqueiro morto por dia vai ser ultrapassada. Além deles dirigirem um veículo perigosíssimo, protegidos apenas por um capacete e chegando a grandes velocidade, a moto polui mais que ônibus. Todas estas informações são uma triste realidade em que vivemos. A maioria dos motoboys não trabalha com carteira assinada e ganham por hora. E grande parte são pessoas de baixa renda e como ganham por hora estão sempre correndo, o que ajuda a aumentar a estatística de acidentes. Até o mês de setembro, o Corpo de Bombeiros já fez 2.737 resgates de acidentes envolvendo motoqueiros, na capital paulista. Desses, trezentos e quarenta e cinco perderam a vida. E tudo isso provoca uma triste média de 10 acidente por dia, principalmente nas marginais Pinheiros e Tietê.

E apesar disso tudo as pessoas continuam a comprar cada vez mais motos e são estimuladas pela publicidade para comprar esse veículo que mata sem dó nem piedade. Parece que a consciência está sendo extinta, juntamente com a inteligência.

Falanstério 31 - Praça de Guerra na Sumaré

(Foto Agência Estado)

No dia 18 de setembro, foi inaugurada em São Paulo, a faixa exclusiva para motos na Avenida Sumaré. Como já foi retratado aqui, no primeiro dia, duas pessoas foram atropeladas pelas motos que passavam no local, devido a falta de informação, faixas para pedestres e semáforos. No dia 20 de outubro, a aluna da Faculdade Sumaré, Renata Cristina da Conceição foi atropelada por uma moto quando se dirigia para a faculdade, às 18:30. Revoltados, os alunos decidiram fechar as duas faixas da avenida para fazer um protesto. Com a inserção da faixa, a travessia da avenida ficou mais perigosa ainda, por isso os alunos já mandaram para a Prefeitura 87 ofícios reivindicando uma passarela ou semáforo para eles atravessarem. O sinal mais próxima fica a 700 metros da instituição.

Como eles escolheram um local não muito recomendado para protestar (no meio da rua, onde os carros desfilam), a preparada e eficiente polícia foi chamada. Por volta das 20:50 eles chegaram dando três minutos para os alunos saírem da rua, após um minuto os policiais começara a atirar balas de borracha e bombas de efeito moral. Resultado da fantástica operação contra pessoas que representam perigo para a sociedade: Sete feridos. Os alunos até podem ter resistido de saírem da rua, mas eles estavam apenas querendo chamar a atenção das autoridades para o problema que eles mesmos criaram. Nada nesse mundo justifica a violência e se a polícia fosse preparada o suficiente argumentava com os estudantes e eles com certeza deixariam a avenida.

Toda essa mobilização e violência foi criada pela faixa. Concordo que ela tem o intuito de reduzir as mortes dos motociclistas (10 acidentes por dia), mas para ser colocada deve ter uma planejamento decente e não apenas joga-lá no meio do povo, se esquecendo dos pedestres. A Companhia de Engenharia e Tráfego disse que em três meses deve ser colocado um semáforo perto da faculdade. O prefeito Gilberto Kassab disse que vai pressionar a CET para a inserção de uma faixa para pedestres. Vamos ver mais quantas pessoas serão atropeladas na faixa durante o período prometido.

Para se ter uma idéia como é a faixa para motos na Sumaré e também a faixa cidadã na Avenida Rebouças, veja este vídeo. Quando eu assiste eu fiquei imaginando, em vez de estar escrito ''moto'', poderiam escrever ''bicicleta'', na faixa. Sonhos!!!