domingo, junho 29, 2008

Falanstério 67 - Bicicletada Junina

Balões para as bicicletas

O dia começou cedo. Às 9:30 da manhã, eu e o bike-repórter Marcelo Siqueira fomos comprar o vinho e os ingredientes no Centro da cidade. Ele iria produzir o vinho quente para a festa junina da Bicicletada de junho que começaria às 18:00 da última sexta-feira do mês.

Massa concentrada (foto: Tessie)

Depois da expedição do vinho voltamos e nos separamos. Fiz algumas coisas pela tarde inclusive uma consulta com a dentista/ciclista Chantal. Depois da consulta voltei com o amigo Bruno para o Bonde da Vila Olímpia que iria rumo à Praça do Ciclista. Nos reunimos e estávamos em 7. O trânsito para variar estava caótico e fomos cortando pelo corredor. Só pegamos pista livre na subida para a Avenida Paulista.

Bandeirolas (foto: Tessie)

Chegando na praça o clima já era de festa. Muitos ciclistas já faziam a confraternização. Uma toalha de piquenique estava exposta no gramado e comidas típicas da festa de São João eram servidas para os pedalantes. Paçoca, bolo de milho, pé de moleque, frutas entre outras delícias deixavam a festa mais saborosa.

Fogueira no raio (foto: Águia Dourada)

Tratamos de pendurar as bandeirolas com desenhos de simpáticas bicicletinhas e também balões coloridos que enfeitaram ainda mais a praça. Até a estátua recebeu um chapéu de palha. Aos poucos cada vez mais pessoas indo chegando e o ápice foi quando o Bonde do Butantã adentrou na avenida com mais de 20 ciclistas e uma bicicleta toda enfeitada e colorida com um DVD de música sertaneja.

Sirva-se à vontade

Mulher vestida de noivo, homem vestido de noiva, caipiras com bigodes e barbichas e camisas quadriculadas, madames com trancinhas, vestidos floridos e pintinhas nos rostos. Era esse o figurino da Bicicletada. O vinho quente começou a ser preparado. Com muitos ingredientes e um fogareiro esperto, ele era feito com bastante carinho. Enquanto isso a fogueira queimava e alguns pulavam por cima dela. A panfletagem corria solta e o momento do ínicio do pedal pela Avenida Paulista estava próximo. A festa estava tão boa que foi um pouco díficil começar a pedalar. Mas seria impossível aquela massa não querer passar sua mensagem para todos. E assim fizemos.

Noivo de noiva e noiva de noivo (foto: Águia Dourada)

Demos o nosso tradicional aquecimento pela praça e partimos com um itinerário simples. Avenida Paulista ida e volta. Sem a presença da polícia e da grande mídia, fizemos a nossa quadrilha pela rua. Os populares nos apoiávam e aplaudíam com louvor. Os motoristas de carros que vinham do lado contrário buzinavam com o grito "Quem gosta de bike buzina". Sem nenhum incidente e até com ajuda de dois policiais motoqueiros concluímos nosso passeio. Na chegada a cotidiana levantada das bicicletas para o alto. E depois disso a festa aumentou. Vinho quente pronto para satisfazer os ciclistas e uma sanfona que tocava maravilhosamente nossos corações.

Até Chiquinho tava caipira (foto: Tessie)

A dança foi formada com um enorme círculo. A massa estava unida novamente e bailava alegremente ao som da sanfona. Com gritos de "Bicicletada" e "Eu vou de bike" sentíamos a alegria inflamar a todos. O casório foi feito e todos apaludiram. E mais uma vez a massa passou. Uns disseram 500, outros 300, mas o que importa é que foi sensacional e cada mês que passa crescemos ainda mais e nunca iremos parar de crescer.

Pedalar é um direito (foto: Águia Dourada)

Fotos:
Vídeos:

terça-feira, junho 24, 2008

Falanstério 66 - Olha a Ciclovia!! É Mentira!


arte: cibol e lulu

Junho chegou e nos trouxe mais uma Bicicletada. A Massa Crítica Paulistana convida as pessoas a ocuparem o espaço público de uma maneira muito mais inteligente, do que simplesmente ficarem escravas de suas propriedades privadas moveis de uma tonelada.

Dessa vez com muitas roupas, pessoas em seus veículos não-motorizados irão comemorar de uma maneira pra lá de tradicional uma das maiores festas populares do Brasil.

Você aí parado, saia dessa prisão e venha dividir seu espaço com pessoas, verá que a vida é muito mais divertida e interessante aqui fora. Aqui você sempre será bem vindo, não importa o valor do seu carro ou a grife da sua cueca. Coloque seu chapéu de palha e venha a caráter.

A Bicicletada (Critical Mass) Paulistana acontece sempre na última sexta feira do mês há mais de 5 anos, e em mais de 400 cidades em todo mundo. Para participar, a única obrigatoriedade é comparecer ao ponto de encontro com um meio de transporte não motorizado. Pode ser Bicicleta, Patins, Skate ou até mesmo com seus próprios pés.

Não tem bicicleta ou não sabe pedalar, sem problemas. Apareça o quanto antes na praça e veja como fazer para pegar uma bicicleta emprestada, ou mesmo fique na Praça para o nosso Arraiar, a concentração é a partir das 18:00. As 20:00 começa o pedal lúdico-educativo, retornando a praça para a continuação da “Festa do Interior” em plena Avenida Paulista.

Em caso de chuva o evento está automaticamente CONFIRMADO, já que não teremos fogueira, pois essa coisa de emitir poluição deixaremos para os veículo motorizados.

.::. Bicicletada .::. Massa Crítica em São Paulo .::.
:. sexta-feira (27/06)
:. concentração lúdico-educativa: 18h
: . Massa Crítica para humanizar o trânsito: 20h00
:. Praça do Ciclista: av. Paulista, alt. do 2440 (mapa)

.::. dicas e referências .::.
:. faça o download, imprima e distribua o panfleto de divulgação: http://tinyurl.com/65c8g9
:. sobre a Praça do Ciclista: http://tinyurl.com/2j28sc
:. relatos e fotos de edições anteriores: http://tinyurl.com/ypsgr2
: . : . : . http://www.bicicletada.org

: . : . : . lista de discussão (cadastramento): bicicletada-sp-subscribe@lists.riseup.net
: . : . : . bate-papo: canal #bicicletada no irc.indymedia.org (para quem usa IRC) ou http://chat.indymedia.org (no navegador)
: . : . : . massa crítica - wikipedia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Massa_Cr%C3%ADtica
: . : . : . comunidade no orkut: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=33384635
: . : . : . relatos, fotos e vídeos de edições passadas: http://tinyurl.com/ypsgr2 : . : . : . panfletos e cartazes: http://tinyurl.com/37cjle

Falanstério 65 - Ciclozine de Junho

O CicloZINE de junho está pronto e acabou de sair do forno. Na edição número 1, os participantes da Bicicletada relataram o pedal dos pelados e a Cicloperação Pomar. No cartaz um stencil da bicicletinha, para sair por aí criando as ciclofaixas e a letra da música do Plá. Baixem nesse link, imprimam e distribuam.

E também, para relembrar o CicloZINE número 0.

quinta-feira, junho 19, 2008

Falanstério 64 - Declaração dos Ciclistas Nus

Quem está preso? (foto: Luana)

Declaração dos participantes da I Pedalada Pelada de São Paulo

Nota: para ver notícias, relatos, fotos e vídeos da WNBR 2008 em São Paulo acesse a Nus Pedalamos! Nus Lutamos!

Motivações.

A I Pedalada Pelada de São Paulo, ou World Naked Bike Ride (WNBR), ocorreu no dia 14 de junho de 2008. Esta foi a primeira edição do evento realizada no Brasil, nos mesmos moldes das ações que acontecem em diversas cidades do mundo com o apoio da população em geral e do poder público.

Nus é como nos sentimos por ter que disputar espaço nas ruas de São Paulo, em meio à violência gerada pelo stress dos motoristas parados em congestionamentos, confinados em máquinas poluentes de vidros escuros. Diariamente essa situação coloca em risco a vida de ciclistas, de pedestres e até de outros motoristas.

Pelados, os ciclistas pretendem chamar a atenção para a exposição indecente à poluição dos carros, para a morte dos espaços públicos tomados por esses veículos e principalmente, para sua fragilidade diante das poderosas máquinas motorizadas, muitas vezes guiadas por pessoas agressivas que não respeitam a bicicleta como o veículo que é, previsto no artigo 96 do Código de Trânsito Brasileiro.

O CTB ainda prevê que, na ausência de local específico para o deslocamento, a bicicleta deve ocupar os bordos da via (direita ou esquerda) com preferência sobre os veículos automotores (artigo 58) e obriga os veículos a guardarem uma distância lateral de um metro e meio ao ultrapassarem uma bicicleta (artigo 201).

Mas a maioria dos motoristas desconhece ou simplesmente desrespeita essas regras, e se recusa a compartilhar as ruas com os ciclistas. E isto acontece com a conivência do poder público, que não pune as infrações cometidas por esses motoristas contra nós.

Somos constantemente ignorados, somente nus somos vistos?

A concentração na praça e o assédio da mídia.

Na Pedalada Pelada cada ciclista poderia participar vestido (ou não) da maneira como se sentisse mais confortável. O lema era "tão nu quanto você ousar". A nudez nunca foi uma imposição nem uma obrigatoriedade, mas a expectativa gerada durante a semana levou à concentração na Praça do Ciclista um número enorme de curiosos, dezenas de policiais, jornalistas, cinegrafistas e fotógrafos da grande imprensa.

Mais de quatrocentas pessoas estavam lá para pedalar. Os demais queriam ver e registrar a nudez prometida. Especialmente a nudez feminina. Foi Renata Falzoni, ciclista de longa data e avó, quem ousou primeiro e logo na largada da pedalada ficou completamente nua.

Como ela, outras mulheres tiveram que corajosamente suportar o assédio invasivo de muitos "jornalistas", ávidos por erotizar e tornar públicos seus corpos em busca de audiência. As câmeras saltaram sobre elas, acompanhadas muitas vezes por comentários machistas de conotação sexual. Esse comportamento lamentável fez com que muitas deixassem de se despir.

Apesar disso, no meio da confusão, ciclistas pintaram os corpos uns dos outros com tintas coloridas. Frases divertidas ou de protesto, desenhos surgindo na pele, todos se enfeitavam para a pedalada, e para trazer um pouco de alegria para a cidade cinza coberta de asfalto.

Celebração da nudez não sexualizada e não comercializada. Liberdade de expressão e manifestação.

Iniciada a pedalada na Avenida Paulista, à medida que os ciclistas se distanciavam da praça foram tomando coragem de expor mais seus corpos. Seguindo o lema naturista, puderam celebrar sua nudez não sexualizada e não comercializada, muito diferente da exposição sexual dos corpos padronizados tão comum nas emissoras de TV e revistas.

Centenas de pessoas puderam expor por alguns instantes seus corpos "imperfeitos", gorduras a mais ou a menos, celulites e estrias livres da ditadura estética vigente que causa distúrbios alimentares, complexos e depressões.

A alegria desse momento foi tão contagiante que provocou aplausos da "platéia". Pessoas que caminhavam pelas ruas, passavam dentro de ônibus ou automóveis, riam, assobiavam, apontavam a massa de pelados que pedalava. Câmeras e mais câmeras de celulares foram apontadas para a avenida.

E a prova máxima de civilidade foi dada pelos próprios ciclistas nus (ou seminus), que abriram mão de assédios e piadas de mau gosto para compartilhar respeitosamente um momento de pura liberdade de expressão e manifestação.

Criminalização da nudez, neutralização da massa e violência policial.

Infelizmente, aprendemos com nossa ação que a nudez que se manifesta livremente a favor da vida é criminalizada, enquanto a nudez explorada, sexualizada e comercializada nos carnavais, novelas e revistas é permitida.

Durante o trajeto, um comandante da polícia militar deixou claro a quem ele pensou ser o organizador da ação, que o nu frontal não seria tolerado, somente corpos pintados como no carnaval. Apesar das dezenas de ciclistas completamente nus, André Pasqualini acabou sendo escolhido como o "bode expiatório" e foi levado nu para a delegacia, como forma de neutralizar nossa ação.

Alguns ciclistas tentaram se manifestar contra a prisão e foram agredidos com pontapés e gás de pimenta, como mostra diversas fotos e vídeos publicados pela grande mídia (matéria no Estadão) e pela mídia independente. Como sempre é feito em manifestações ciclo ativistas, os ciclistas ergueram suas bicicletas no ar. Foram absurdamente acusados de usá-las como arma.

O comandante da operação declarou diante das câmeras que fez o que estava planejado, prendeu o "líder" da ação para acabar com a manifestação. A lógica estava errada, já que não existem líderes ou organizadores da Pedalada dos Pelados, mas a tática deu certo, porque seja lá quem tivesse sido detido, nós não deixaríamos de apoiá-lo.

Com a prisão de um dos seus participantes, a massa perdeu um pouco em alegria e parte dela seguiu escoltada pela CET rumo ao 78º DP na Rua Estados Unidos. A festa continuou ali, aos gritos de "Ô seu delegado, libera o pelado!".

A massa segue feliz e orgulhosa.

Confirmado que o participante preso seria liberado, a massa seguiu de volta a Praça do Ciclista. Cruzou a Oscar Freire e subiu a Rua Augusta em ritmo de festa, feliz e orgulhosa, humanizando o engarrafamento de quem descia num coro bem-humorado de "Não fique aí parado! Vem pedalar pelado!" ou "Carro parado é coisa do passado! A moda agora é pedalar pelado!".

A população nas ruas de São Paulo saudou a massa em festa durante todo o trajeto. A cidade, a Avenida Paulista, já acostumadas com a gigantesca parada do Orgulho GLBT, sentiram a alegria de ver o desfile das bicicletas e seus ciclistas nus e seminus, a despeito das leis antiquadas que (ainda) vigoram nesse país.

Mas podem se preparar, a festa será ainda maior em 2009.

Assinado,

Participantes da I Pedalada Pelada de São Paulo 2008 (World Naked Bike Ride São Paulo 2008)

quarta-feira, junho 18, 2008

Falanstério 63 - Mais Pelados



Excelente vídeo que mostra o que realmente aconteceu na primeira Bicicletada Pelada de São Paulo. Feito pelo companheiro Kampa.

domingo, junho 15, 2008

Falanstério 62 - Nus Pedalamos, Nus Lutamos!

A massa é forte. (foto: Flecha)

Como foi divulgado aqui antes a Bicicletada Pelada aconteceu. Conhecida mundialmente como WNBR (World Naked Bike Ride) é um passeio de bicicletas, onde ciclistas se reúnem e desfilam nus ou semi-nus para pedir mais respeito e visibilidade no trânsito.

Arte no corpo. (foto: luna rosa)

Em São Paulo foi a primeira vez que esse evento ganhou força. Dois anos antes 3 ciclistas tentaram um protesto, mas devido ao pequeno número não atingiram um grande público. Agora com a força da Bicicletada mensal e de um aviso prévio da grande e espalhafatosa mídia conseguimos fazer um evento massivo.

O cartaz diz tudo.

Por volta do meio-dia cheguei na Praça do Ciclista, que tinha mais policiais e repórteres do que ciclistas. Encontrei minha amiga Thomé da BAND que me entrevistou, o camarada Pasqualini que mais tarde ia ser o grande alvo da polícia, a maravilhosa Falzoni e outros companheiros ciclistas. Além da cavalaria da PM, CET e imprensa.

A grande mídia estava lá.

Cada minuto que passava mais gente chegava na Praça. Muitos ciclistas iam chegando, mas muitos curiosos e populares também se juntavam a massa. Quando o pessoal do Pânico chegou com o casal presidenciável causou um tumulto. Mas não entre nós ciclistas e sim aos populares que queriam tirar fotos com eles e aparecer diante da TV. Nós fazíamos nosso trabalho de sempre. Distribuíamos nossos panfletos, passamos nossa mensagem. Nos despimos aos poucos e nos pintávamos, colocando as mensagens em nossos próprios corpos.

A massa passa. (foto: Flecha)

No começo sofremos uma pequena ameaça da polícia: "Mostrou genital, vai preso!". Lógico que ninguém ia fazer isso ali na praça parado e sim durante a pedalada. O momento da partida ia se aproximando saíriamos às 14 horas. A praça nunca esteve tão cheia, ciclistas se misturavam e não dava mais para saber quem era quem, apenas sabia quem era mesmo do movimento aqueles com corpos pintados e poucas roupas. Máquinas de foto e vídeo se multiplicavam, era um big brother ao ar livre.

Menos CO + CU. (foto: luna rosa)

O aquecimento começou pontual. Demos a nossa tradicional volta na praça, mas já sentia que esse pedal seria conturbado. Um carro da CET dificultava a volta completa e nós ciclistas tínhamos que desviar dele. Além da presença de policiais ciclistas, também tinha a "escolta" de motoqueiros da ROCAM e viaturas policiais. Na última vez que tinha todo esse aparato, no Dia Mundial sem Carro 2007, os policiais foram agressivos e causaram confusão. Para mim isso não era um bom sinal.

Vários carros a menos. (foto: luna rosa)

Por volta das 14:15 começamos nosso trajeto pela Avenida Paulista. A idéia era pedalar pela avenida, indo e voltando. Mas a grande presença da impresa, com fotógrafos no meio da massa e seus carros de filmagem passando entre a gente e com os motoqueiros policiais nos forçando ocupar duas faixas o trajeto ficava complicado. Mas pelos menos os semáforos eram fechados e podíamos passar tranquilamente pela rua.

Elas também estavam lá. (foto: luna rosa)

Pedestres que estavam na calçada, atravessando a rua e até mesmo motoristas da pista ao lado, possuíam um olhar curioso, mas apoiavam com gritos de incentivo, aplausos e um imenso buzinaço. Os ciclistas com bastante calor (fazia cerca de 34 graus na cidade) iam ficando cada vez mais à vontade e ficando completamente nus. Aí sim o evento ficou naked. Homens e mulheres completamente pelados na Avenida Paulista. Liberdade no pedal, liberdade total.

"Pimenta na comida". (foto: André Penner/AP)

O pessoal do Pânico pode até atrair muita gente, mas eles atrapalham um pouco. O carro da RedeTV andava pelo corredor do ônibus e nenhuma "autoridade" pedia para pararem. O mesmo carro acabou derrubando um repórter que estava filmando o passeio. Exemplo claro do que acontece nas ruas de SP diariamente.

Essa foi nossa "escolta". (foto: André Penner/AP)

Tudo ia tranquilo, cerca de 350 ciclistas sendo que 10% deles estavam completamente nus. Surgiu um boato que a polícia iria prender quem estava pelado, nos juntamos rapidamente e deixamos os peladões no meio da massa, para que não chamassem muita atenção. Mas chegando no MASP a confusão começou. Provocada mais uma vez por aqueles que deviam POLICIAR e deixar tudo pacífico. O ciclista André Pasqualini que antes estava com uma tanga com revistas masculinas ficou pelado. Nisso o nosso querido e preparado Major Benjamim foi para cima dele e deu voz de prisão. A massa ficou incoformada e protestou, puxaram o André com força, nós conseguimos pegar a bicicleta dele e nesse instante o experiente Major Benjamim jogou gás de pimenta nos ciclistas-terroristas-pelados. Além de alguns cassetetes sendo utilizados nas costas dos pelados. Pasqualini foi jogado dentro da viatura e levado para a 78 DP dos Jardins. Alguns camaradas tentaram seguir a viatura, mas com as grande ladeiras da região não foi possível. O mais curioso que tinham vários pelados, mas só pegaram um, porque?

Todos na delegacia.

Eu fui um dos que tomei gás de pimenta. Não foi nada demais, apenas uma vontade de vomitar. Naquele momento de agressividade dos policiais, o passeio mudou de trajeto. Procuramos saber em qual delegacia ele estava e nos juntamos. Cerca de 150 ciclistas foram rumo a Rua Estados Unidos, esquina com a Rua Augusta para protestar. Os outros não acompanharam, ou porque estavam com muito gás no corpo, ou porque estavam com crianças pequenas.

Munição pesada contra ciclistas nus. (foto: Flecha)

Lá fomos nós. A escolta ainda nos seguia. O André me contou que chegando na delegacia ele falou para o delegado que daqui a pouco ia aparecer um monte de ciclista na frente da DP. Ele disse que na Parada Gay prenderam um monte e ninguém desceu. Então o André respondeu: "A Bicicletada é diferente". E somos diferente mesmo. Logo depois aparecemos lá, junto com a grande mídia. Com gritos de protesto como "O delegado, libera o pelado" e " Pimenta na comida" fizemos nosso barulho. Parece que os policiais ficaram com medo e chamaram reforços. Aí apareceu um arsenal de guerra. Cinco viaturas do GOE (Grupo de Operações Especiais) com fuzis, submetralhadoras e armas calibre 12. E isso tudo contra ciclistas pelados!!! Impressionante. E o nosso brilhante Major Benjamim, perguntando pela imprensa, porque usou o gás de pimenta, respondeu: "A Bicicleta é uma arma". Sim, muito perigosa a simpática magrela. Milhares morrem por ano devido a bicicleta. Acho que ela cai do céu e a mata as pessoas, que magrelas cruéis.

"Não me mate".

Depois do barulho da massa, ela voltou para a Praça do Ciclista. Alguns ainda ficaram na delegacia para esperar o André. No final quase todos dispersaram e eu e o Aylons mais a imprensa ficou até ele sair, juntamente com dois ciclistas advogados. André foi liberado, após assinar um termo com a acusação de ato obsceno. Sei que ele teve apoio de muita gente de peso. Deu sua versão para imprensa. Eu, ele e Aylons fomos comer uma pizza e ainda encontramos mais três camaradas ciclistas.

Nunca iremos parar. (foto: luna rosa)

Esse foi o primeiro de muitos passeios pelados em São Paulo. Ano que vem tem mais e iremos fazer uma festa maior ainda. Nossos direitos estão na lei e devem ser cumpridos. Pedimos respeitos e mais infra-estrutura. E daqui há duas semanas temos a nossa tradicional Bicicletada. Nunca vamos parar, nunca vamos desistir, com gás ou sem gás, com roupa ou sem roupa iremos pedalar e passar a nossa mensagem para todos aquele que quiserem ver e ouvir.

E o delegado soltou o pelado.
Nem toda nudez foi castigada - me leva Brasil
Onipresente Ausente
Pelados na Paulista - transporte ativo
World Naked Bike Ride - meninamalouca
Pelados da Bicicleta - novo-Mundo.org
WNBR São Paulo - uruca
Ciclismo nudista e a bicicleta como meio de transporte em São Paulo - br.br101.org
Brazil: World (not) Naked Bike Ride - Global Voices
São Paulo's First Naked Bike Ride - Made in Brazil
Pedalada Pelada - gira
Pedalada Pelada em São Paulo - Quem mentiu? - Tessie
Pedala, pelada, pelada! Blog do Me Leva Brasil (Fantástico)
Bicicletas viram caso de polícia - Blog Me Leva Brasil
World Naked Bike Ride ou a Pedalada dos Pelados
World Naked Bike Ride - Os Ciclonudsitas - Passageiro do Mundo
Cicletada ciclonudista en Sao Paulo, Junio 2008 - Arriba e la Chanca
World Naked Bike Ride - Eu estava lá! - SP Gay Bikers
a pedalada pelada chegou pra ficar - contra ponto e fuga
Pedalada dos Pelados - Pedalante
World Naked Bike Ride - São Paulo - BIGSP
A moda agora é, é pedalar Pelado - Blog Pra falar de coisas
Notas de Segunda Feira - O Malfazejo




segunda-feira, junho 02, 2008

Falanstério 60 - BICIprosa na Praça do Relógio

Pedalando e viajando no mundo das palavras.


Falanstério 59 - Parem os Carros, Diminuem os Carros - Bicicletada de Maio

O verdadeiro Ecosport - foto: ciclobr

Frio, garoa fina. Este era o cenário da Bicicletada de Maio de 2008. Muitos pensariam em desisitir de ir até a Praça do Ciclista, mas a maioria é forte e comparece, cerca de 120 ciclo-loucos se aglomeraram no nosso ponto de encontro habitual.

Invasão das Bicicletas - foto: ciclobr

Desta vez não tínhamos um tema para ilustrar. Sugeriram, Noivas, Maio de 68 ou dia das Mães. Os três estavam representados. Chantal de noiva com sua linda bicicleta florida, Aylons e Marcelo com suas mães e todos nós ativistas lembrando os revolucionários de 1968.

Bicicletário - foto: ciclobr

Desta vez uma novidade. Uma pedal às 19 horas. Objetivo: Pedalar entre os carros da Avenida Paulista, completamente parados e deixar mensagens para eles. Vinte malucos pedalaram, inclusive eu e a sensação de voar pelo corredor é sensacional.

Saímos às 20:10. Doze graus na poluída São Paulo. Logo no começo um terrível acidente na Paulista. Um homem entre as rodas de um ônibus. Triste rotina do trânsito violento. A massa passava e desfilava. Avenida Paulista -> Vergueiro -> Praça da Sé -> Prefeitura-> Minhocão -> Avenida Angélica -> Praça do Ciclista. Por aí passamos.

Voando no Minhocão - foto: luddista

Fotos:
CicloBR
Luddista
Leonardo Motta
Panóptico
Tessie
Ariel

Relatos:
Apocalipse Motorizado
Panóptico
Tessie
CicloBR

Vídeos:
Matéria no SBT
Tessie

Falanstério 58 - BiciCANA, doce como a vida.


Verão quente em São Paulo. Dezembro de 2007. Marginal Pinheiros, voltando pelo acostamento. Pedalando sem preocupação e com desenvoltura. Olho pra frente e vejo a barraca. Não resisti e caí na tentação. Caldo de cana ou garapa. O melhor repositor energético que existe e o menos calórico. Paro, olho e peço um copo. Bebo e termino, alguns segundo refrescantes e doces. Pago e volto pedalar. No final escuto: "Tome cuidado".

CANA DE AÇÚCAR, VIDA

"Sol a pino,
Curvo-me diante de ti,
Cana esguia ou caiada, principesca!
Te pego dourada.

Filha da terra...
Áspera pele, minhas mãos sangram
Decepo-a, dilacero-a, descubro-a
Mordo-a toda! Inteira!
Nó a nó ...Tu és doce, doçura...

Vida.

Gostosa!"

Cíntia Thomé

Falanstério 57 - Por Quem os Sinos Dobram?


Inspirado no livro do romancista Ernest Hemingway, Por Quem os Sinos Dobram fiz esta foto na USP. Um belo dia de sol na primavera e aí vem a pergunta, os sinos dobram por quem? Pelas bicicletas.