Após um dia que parecia não terminar, outro como este começou. Às seis da manhã estava de pé. Quando cheguei no café da manhã já tinha alguns companheiros da viagem para a Graciosa. Aos poucos outros foram chegando e a pequena sala de café do hotel nunca teve tanta gente reunida num domingo às 6 da manhã. O bonde para Morretes estava grande e chegamos ao número de 25. Felipe de Curitiba foi o nosso guia. Fez seu trabalho muito bem. Um grande homem, exemplo de fraternidade.
Enquanto tirávamos a foto oficial da saída com todos reunidos na frente do hotel o punk-rock baiano que não iria pedalar, resolver jogar água na galera, pois estava irritado com a pertubação do seu sono. Mais uma cena hilária da viagem. A partida estava programada para as 7, mas saímos realmente as 8. Depois que todos comeram e calibraram seus pneus partimos.
Antes de começar o relato uma salva especial para as mulheres do grupo. Chantal, Aninha, Raquel, Paula e Paty. Bravas guerreiras. Invejaram muitos marmanjos. Foram nossas desbravadoras. Principalmente duas. Chantal e Paty que não estão muito acostumadas a pedalar, mas depois dessa viagem com certeza já são experientes.
Retomando a cicloviagem andamos um pouco por dentro da cidade e pegamos um trecho da BR. De lá fomos por dentro até começar a Estrada da Graciosa. As belas visões já começavam com muito verde. O clima estava ótimo, cada minuto que passava mais quente ficava. E com tanta gente boa reunida não tinha como sentir frio.
Algumas subidas que eram encaradas tranquilamente e logo chegamos na Graciosa. A primeira visão foi a estrada de terra. Adoro terra. Muito bom. Ainda bem que meu pneu trator serviu para algo. O caminho estava lindo. Muitas árvores, igrejinhas no meio dele, animais como ovelhas, cachorros, bois, cavalos e passáros. Me lembrou muito Santiago de Compostela.
Algumas paradas para reagrupar o pessoal, pois o ritmo de alguns era maior do que os outros. Mas como verdadeiros espartanos tínhamos nosso lema "Não abandonamos ninguém". O bom das paradas que podíamos tirar fotos, repôr energias; comendo e bebendo. E aqui deixo um agradecimento especial para Albert, que com muita maestria ficou no final do pelotão encarregado de fechar e sempre acompanhar quem ficava para trás, especialmente a nossa fotógrafa Paula que não resistia as belas paisagens para fazer seus flashes.
Depois de muita terra encontramos os asfalto. Alguns ficaram até felizes em rever os carros. Andamos na autovia e fizemos nossa Massa Crítica numa estrada federal. Os carros tinham que desviar, foi lindo. Logo depois disso a melhor parte da Graciosa começou. O pedaço da serra com paralelepípedos. Temidos por muitos quando chove. Mas para nossa felicidade o sol estava radiante e a única preocupação era freiar. Impressionante como treme. As mãos doíam muito, mas todos resistiram com louvor e força e encararam as pedras juntas da serra do sul brasileiro. Pena que a bela e guerreira Chantal teve uma queda. Depois de encarar todo o caminho anterior, ela ainda desceu sem suspensão, que força! Mas com o balançar dos paralelepípedos as mãos dela não aguentaram e por um deslize ela foi ao chão. Mas o nobre Albert estava perto e ajudou a se reerguer. Esperávamos o grupo que ficou para trás numa barraca de pastel e caldo de cana no meio da serra. Chantal apareceu, ainda não tinhamos conhecimento da queda. Ela nos contou que caiu e todos ficaram preocupados. Mas a força desta mulher não é pequena e ela disse que estava bem. Parabéns Chantal. Ainda desceu o restante da Graciosa e chegou ao Morretes como uma Lady.
A Massa estava toda reunida novamente e terminamos a nossa descida da serra. No pequeno trecho de asfalto que ainda pedalamos até Morretes mais belas imagens para enfeitar nossa vista. Cachoeiras, morros, rios e corrégos. Vai ser díficil esquecer isso. Aos poucos fomos chegando até o local que o ônibus fretado por nós nos esperava. Ao lado de uma igrejinha, era esse o cenário de nossa parada final. Juntos nos reunimos e brindamos a vida. Todos chegaram. Alguns machucados, mas com certeza sem dor. Apenas com cicatrizes de alegria e satisfação. Parabéns a todos que fizeram essa cicloviagem. Obrigado pela companhia.
* Na volta para São Paulo ainda tivemos que correr, porque já tinhamos passado do check-out. Banhos tomados rapidamente, lanches no mercado ao lado e geladeira do ônibus abastecida. Foi díficil dormir na volta. Capitão Lacerdinha, Punk Rock Baiano e Pastor Canna foram os maestros da orquestra. Uma "guerra" foi armada entre o fundão e o povo idoso da frente. Mas tudo foi resolvido. Lembrando que a música tema da viagem foi "Do Leme ao Chantal", criado pelo Pastor Canna enquanto pensava na vida. Muitas piadas, muitas risadas e finalmente quando o novo líder dormiu as pilhas acabaram. Chegamos em SP por volta das duas da manhã. Retiramos nossas bicicletas dos bagageiros e cada um seguiu seu rumo. Mas todos estão marcados eternamente. Ninguém ficou sozinho, ninguém pedalou só e ninguém ficou abandonado. Porque aqui o que vale é a união. Parabéns família Bicicletada!
4 comentários:
Cara, meu coração ficou lá. Foi tudo tão lindo, tão libertador, tão exaustivo, tanta colaboração, tão tudo. Foi bom pra caralho. Obrigado por estar lá.
Bem lembrado de Santigado de Compostela. Guardadas as devidas proporções, descer a Graciosa aqui no Paraná de bicicleta é tão famoso quanto, heheh
Quando quiser publicar minha charge, será uma honra!
Abraço!
Seu texto me emocionou... obrigada por estar lá.
Só é possível desafiar os limites do corpo quando se está com a mente e o coração em paz.E era assim que eu estava.. e tudo culpa das pessoas que ali estavam!! Beijos a todos queridos ciclistas graciosos!!!
Valeu pela companhia nesse e em outros passeios e pelas menções honrosas!! rs
Parabéns pela descrição, ficou ótima!
Abraço e até a próxima!
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